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"Vou levá- la para o resto da noite. Pagarei como se fossem três clientes." O dono deu de ombros, e pensou de novo que a moça brasileira ia terminar caindo na armadilha do amor. Maria, por seu lado, ficou surpresa: não sabia que Ralf Hart conhecia tão bem as regras.


- Vamos até minha casa.


Talvez essa fosse mesmo a melhor decisão, pensou ela. Embora fosse contra todas as recomendações de Milan, neste caso resolveu abrir uma exceção. Além de descobrir de uma vez por todas se era ou não casado, conheceria a maneira de viver dos pintores famosos, e um dia poderia escrever qualquer coisa para o jornal de sua pequena cidade - de modo que todos ficassem sabendo que, durante seu período na Europa, ela freqüentara círculos intelectuais e artísticos.


"Que desculpa absurda."


Meia hora depois chegaram a um pequeno vilarejo próximo de Genève, chamado Cologny; uma igreja, a padaria, a prefeitura, tudo em seu lugar. E era realmente uma casa de dois andares, não um apartamento! Primeira avaliação: devia ter mesmo dinheiro. Segunda avaliação: se fosse casado, não ousaria fazer aquilo, porque sempre havia gente olhando.


Então, era rico e solteiro.


Entraram por um hall com uma escada que levava ao segundo andar, mas seguiram direto, até as duas salas na parte de trás, que davam para um jardim. Uma delas tinha uma mesa de jantar, e as paredes eram cobertas de quadros. A outra sala tinha alguns sofás, cadeiras, estantes cheias de livros, cinzeiros sujos, copos que tinham sido usados havia muito tempo e que ainda permaneciam ali. - Posso preparar um café.


Maria fez um sinal negativo com a cabeça. Não, não pode preparar um café. Ainda não pode me tratar diferente. Estou desafiando meus próprios demônios, fazendo exatamente tudo ao contrário do que prometi a mim mesma. Mas vamos com calma; hoje farei o papel de prostituta, ou de amiga, ou de Mãe Compreensiva, embora na minha alma eu seja uma Filha que precisa de carinho. Finalmente, quando tudo estiver terminado, você pode me preparar um café.


- No fundo do jardim está meu estúdio, minha alma. Aqui, entre todos estes quadros e livros, está meu cérebro, o que penso.


Maria pensou em sua própria casa. Não tinha um jardim no fundo. Nem livros, apenas os emprestados da biblioteca, já que não havia necessidade de gastar dinheiro com o que podia conseguir de graça. Tampouco havia quadros, apenas um pôster do Circo Acrobático de Shanghai, a que ela sonhava assistir. Ralf pegou uma garrafa de uísque e lhe ofereceu. - Não, obrigada.


Ele serviu-se uma dose, e virou tudo - sem gelo, sem tempo. Começou a falar coisas inteligentes, e por mais que a conversa lhe interessasse, ela sabia que aquele homem estava com medo do que ia acontecer, agora que es tavam sozinhos. Maria recuperava o controle da situação.

Ralf serviu outra dose a si mesmo, e como se estivesse dizendo alguma coisa sem


importância, comentou:


- Preciso de você.


Uma pausa. Um silêncio longo. Não ajude a quebrar este silêncio, vamos ver como ele continua.


- Preciso de você, Maria. Você tem luz, embora ache que ainda não acredita em mim, ache que estou apenas tentando seduzi-Ia com esta conversa. Não me pergunte: "Por que eu? O que tenho de especial?" Você não tem nada de especial, nada que eu possa explicar a mim mesmo. Entretanto - eis o mistério da vida -não consigo pensar em outra coisa. - Não iria lhe perguntar isso - mentiu. - Se eu procurasse uma explicação, diria: a mulher que está diante de mim conseguiu superar o sofrimento e transformá- lo em algo positivo, criativo. Mas isso não basta para explicar tudo.


Estava ficando difícil escapar. Ele continuou: - E eu? Com toda a minha criatividade, com meus quadros que são disputados e desejados por galerias em todo o mundo, com o meu sonho realizado, com a minha aldeia sabendo que sou um filho querido, com as minhas mulheres jamais me cobrando pensão ou coisas assim, com saúde, boa aparência, tudo que um homem pode sonhar, e eu? Aqui estou, dizendo para uma mulher que encontrei em um café, e com quem passei apenas uma tarde: "preciso de você". Sabe o que é solidão? - Sei o que é.


-Mas não sabe o que é solidão quando se tem a possibilidade de estar com todo mundo, quando se recebe todas as noites um convite para uma festa, um coquetel, uma estréia de teatro. Quando o telefone toca sempre, e são mulheres que adoram o seu trabalho, que dizem que gostariam muito de jantar com você - são belas, inteligentes, educadas. E algo o empurra para longe e diz: não vá. Você não vai se divertir. Mais uma vez você ficará a noite inteira tentando impressioná - las, gastará sua energia provando para si mesmo como é capaz de seduzir o mundo.


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