Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Ainda serão maiores quando forem adultos – disse o jovem macho, observando-os com olhos grandes, verdes e sem medo. – O negro está cheio de medo e raiva, mas o cinza é forte… Mais forte do que imagina… Consegue sentir, irmã?

– Não – ela respondeu, levando uma mão ao cabo da longa faca marrom que usava. – Vá com cuidado, Jojen.

– Ele não me fará mal. Não é hoje o dia da minha morte.

O macho caminhou até eles, sem medo, e estendeu a mão para o seu focinho, um toque tão suave como uma brisa de verão. Mas, ao roçar aqueles dedos, a mata dissolveu-se e o próprio chão se transformou em fumaça por baixo dos seus pés e rodopiou para longe, rindo. E, então, ele estava girando e caindo, caindo, caindo




Catelyn

Enquanto dormia nas pradarias onduladas, Catelyn sonhou que Bran estava de novo inteiro, Arya e Sansa andavam de mãos dadas, e Rickon era ainda um bebê no seu peito. Robb, sem coroa, brincava com uma espada de madeira, e quando todos estavam dormindo, a salvo, encontrou Ned na sua cama, sorrindo.

Era doce, mas acabou cedo demais. A alvorada chegou cruel, um punhal de luz. Acordou com dores, só e cansada; cansada de montar a cavalo, cansada da dor, do dever. Quero chorar, pensou. Quero ser confortada, estou tão cansada de ser forte. Quero ser tonta e assustada, por uma vez. Só um pouquinho, é tudo… um dia… uma hora…

Fora da sua tenda, homens agitavam-se. Ouviu os relinchos de cavalos, Shadd queixando-se da rigidez nas suas costas, Sor Wendel pedindo o arco. Catelyn desejou que todos fossem embora. Eram bons homens, leais, mas estava cansada de todos eles. Era os filhos que desejava. Um dia, prometeu a si mesma enquanto estava deitada na cama, ia se permitir ser menos do que forte.

Mas hoje, não. Não podia ser hoje.

Os dedos pareciam mais desajeitados do que de costume enquanto lutava com a roupa. Achava que devia se sentir grata por ainda conseguir mexer as mãos. O punhal era feito de aço valiriano, que corta profunda e limpamente. Bastava olhar suas cicatrizes para se lembrar.

Lá fora, Shadd mexia aveia numa caldeira, enquanto Sor Wendel Manderly colocava a corda no seu arco.

– Senhora – ele disse quando Catelyn saiu da tenda. – Há aves neste mato. Deseja uma codorna assada para o desjejum hoje?

– Aveia e pão são suficientes… Para todos nós, penso eu. Temos ainda muitas léguas a percorrer, Sor Wendel.

– Como quiser, senhora – a cara de lua do cavaleiro pareceu abatida, as pontas do seu grande bigode de morsa torceram-se de desapontamento. – Aveia e pão, e o que poderia ser melhor? – era um dos homens mais gordos que Catelyn já tinha conhecido, mas, por mais que amasse comida, amava mais sua honra.

– Encontrei umas urtigas e fiz um chá – Shadd anunciou. – A senhora deseja uma xícara?

– Sim. Agradeço.

Aninhou o chá nas mãos cobertas de cicatrizes e soprou para esfriá-lo. Shadd era um dos homens de Winterfell. Robb mandara vinte dos seus melhores homens para levá-la em segurança até Renly. Mandara também cinco fidalgos, cujos nomes e elevado nascimento dariam peso e honra à sua missão. Enquanto abriam caminho para o sul, permanecendo bem longe de vilas e castros, tinham visto, mais de uma vez, bandos de homens vestidos de cota de malha e vislumbraram fumaça no horizonte oriental, mas ninguém se atreveu a molestá-los. Eram fracos demais para constituir uma ameaça, e muitos para ser presa fácil. Depois de atravessarem o Água Negra, o pior tinha ficado para trás. Ao longo dos últimos quatro dias, não tinham visto sinais de guerra.

Catelyn nunca quisera aquilo. E tinha dito isso a Robb, em Correrrio.

– Da última vez que vi Renly, ele era um garoto da idade de Bran. Não o conheço. Envie outra pessoa. Meu lugar é aqui, com meu pai, pelo tempo que lhe restar.

O filho olhara-a pouco satisfeito.

– Não há mais ninguém. Não posso ir em pessoa. Seu pai está doente demais. Peixe Negro é os meus olhos e ouvidos, não me atrevo a perdê-lo. Preciso do seu irmão para defender Correrrio quando nos pusermos em marcha…

– Em marcha? – ninguém lhe tinha dito uma palavra a respeito de marchas.

– Não posso ficar em Correrrio à espera da paz. Faz parecer que tenho medo de voltar ao campo de batalha. Meu pai me disse que, quando não há batalhas para lutar, os homens começam a pensar nas lareiras e nas colheitas. Até meus homens do Norte começam a ficar desassossegados.

Meus homens do Norte, ela pensou. Ele até começa a falar como um rei.

– Nunca ninguém morreu de desassossego, mas a precipitação é diferente. Plantamos sementes, é preciso deixá-las crescer.

Robb sacudiu a cabeça com teimosia:

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