Читаем A Fúria dos Reis полностью

– O que você quer dizer é assassino, ladrão e estuprador.

– Isso também depende do ponto de vista – Ygritte respondeu. – O Stark de Winterfell queria a cabeça de Bael, mas nunca conseguiu apanhá-lo, e o sabor do fracasso humilhava-o. Um dia, na sua amargura, disse que Bael era um covarde que só caía sobre os fracos. Quando essa notícia lhe chegou, Bael jurou dar uma lição ao lorde. Portanto, escalou a Muralha, desceu a estrada do rei, e entrou a pé em Winterfell, numa noite de Inverno, de harpa na mão, chamando a si mesmo de Sygerrik de Skagos. Sygerrik quer dizer “enganador” no Antigo Idioma, que os Primeiros Homens falavam e os gigantes continuam falando. No norte ou no sul, os cantores encontram sempre boas-vindas prontas, e então Bael comeu à mesa do próprio Lorde Stark e tocou para o senhor no seu cadeirão até passar metade da noite. Tocou as velhas canções, e as novas que ele tinha feito; e tocou e cantou tão bem que, quando acabou, o senhor ofereceu-lhe a chance de dizer que recompensa queria. “Tudo o que peço é uma flor,” respondeu Bael, “a flor mais bela que desabrocha nos jardins de Winterfell.” Ora, acontece que as rosas de Inverno tinham acabado de desabrochar, e não há flor mais rara e preciosa. Por isso o Stark mandou homens aos jardins de vidro e ordenou que a mais bela das rosas de Inverno fosse cortada para pagar o cantor. E assim foi feito. Mas, ao chegar a manhã, o cantor tinha desaparecido… assim como a filha donzela de Lorde Brandon. Acharam sua cama vazia, só com a rosa azul-clara que Bael havia deixado no travesseiro onde ela antes apoiava a cabeça.

Jon nunca tinha ouvido aquela história.

– Qual dos Brandon seria? Brandon, o Construtor, viveu na Idade dos Heróis, milhares de anos antes de Bael. Houve Brandon, o Incendiário, e o pai, Brandon, o Construtor Naval, mas…

– Este era Brandon, o Sem Filha – Ygritte respondeu em tom cortante. – Quer ouvir a história ou não?

Jon franziu a sobrancelha:

– Continue.

– Lorde Brandon não tinha mais filhos. Por ordens suas, os corvos negros voaram às centenas de seus castelos para o norte, mas não conseguiram encontrar sinal de Bael ou da donzela em lugar nenhum. Procuraram durante quase um ano, até que o senhor perdeu ânimo e ficou de cama, e parecia que a linhagem dos Stark estava no fim. Mas, uma noite, deitado e desejando morrer, Lorde Brandon ouviu o choro de uma criança. Seguiu o som e encontrou a filha de volta ao seu quarto, dormindo com um bebê no colo.

– Bael a tinha trazido de volta?

– Não. Tinham estado o tempo todo em Winterfell, escondidos com os mortos por baixo do castelo. A canção diz que a donzela amou tanto Bael que lhe deu à luz um filho… Se bem, que na verdade, todas as donzelas amam Bael nas canções que escreveu. Seja como for, o que é certo é que Bael deixou a criança como pagamento da rosa que tinha cortado sem pedir licença. E o garoto cresceu e se transformou no Lorde Stark seguinte. Portanto, aí está… Você tem em si o sangue de Bael, assim como eu.

– Isso nunca aconteceu – Jon rebateu.

Ela encolheu os ombros:

– Pode ser que sim, pode ser que não. Mas é uma boa canção. Minha mãe costumava cantá-la para mim. Ela também era uma mulher, Jon Snow. Como a sua – esfregou a garganta onde a adaga dele a cortara. – A canção acaba quando encontram o bebê, mas há um fim mais sombrio para a história. Trinta anos depois, quando Bael era Rei-para-lá-da-Muralha e levou o povo livre para o sul, foi o jovem Lorde Stark que o enfrentou no Vau Gelado… E o matou, porque Bael não quis fazer mal ao seu próprio filho quando se encontraram de espada na mão.

– Então, em vez disso, o filho matou o pai – Jon concluiu.

– Sim, mas os deuses odeiam quem mata parentes, mesmo quando os matam sem saber. Quando Lorde Stark voltou da batalha e a mãe viu a cabeça de Bael na ponta de sua lança, atirou-se de uma torre por desgosto. O filho não sobreviveu muito tempo depois. Um dos senhores dele arrancou sua pele e a usou como manto.

– O seu Bael era um mentiroso – disse-lhe Jon, agora com certeza.

– Não – Ygritte respondeu –, mas a verdade de um bardo é diferente da sua ou da minha. Seja como for, pediu a história, e eu a contei – deu-lhe as costas, fechou os olhos e pareceu adormecer.

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