Читаем A Fúria dos Reis полностью

Cersei Lannister estava tomando o desjejum quando Sansa foi introduzida em seu aposento privado.

– Pode se sentar – a rainha disse atenciosamente. – Está com fome? – indicou a mesa com um gesto. Havia mingau de aveia, mel, leite, ovos cozidos e peixe frito e crocante.

A visão da comida encheu Sansa de náuseas. Tinha um nó na barriga.

– Não, obrigada, Vossa Graça.

– Não a censuro. Entre Tyrion e Lorde Stannis, tudo o que como tem gosto de cinza. E agora também anda fazendo fogueiras. O que esperava conseguir?

Sansa abaixou a cabeça:

– O sangue assustou-me.

– O sangue é o sinal de sua condição feminina. A Senhora Catelyn poderia tê-la preparado. Teve sua primeira floração, nada mais.

Sansa nunca tinha se sentido menos florida.

– A senhora minha mãe contou-me, mas eu… eu pensava que seria diferente.

– Diferente como?

– Não sei. Menos… menos sujo, e mais mágico.

A Rainha Cersei riu.

– Espere até dar à luz um filho, Sansa. A vida de uma mulher é nove partes de sujeira para uma de magia, deve aprender isso bem depressa… E as partes que parecem mágicas costumam se revelar as mais sujas de todas – ela bebeu um gole de leite. – Então agora é uma mulher. Será que faz a menor ideia do que isso significa?

– Significa que agora estou em condições de me casar, de dormir com o rei – Sansa respondeu –, e de lhe dar filhos.

A rainha deu um sorriso oblíquo:

– Uma perspectiva que já não a seduz como antes, pelo que vejo. Não a censurarei por isso. Joffrey sempre foi difícil. Até no nascimento… Trabalhei um dia e meio para dá-lo à luz. Não imagina a dor, Sansa. Gritei tão alto que imaginei que Robert conseguiria me ouvir na mata do rei.

– Sua Graça não estava com a senhora?

– Robert? Robert estava na caça. Era esse o seu costume. Sempre que meu tempo se aproximava, meu real esposo fugia para o meio das árvores com seus caçadores e cães de caça. Quando regressava, presenteava-me com umas peles ou uma cabeça de veado, e eu o presenteava com um bebê. Não que eu quisesse que ele ficasse, veja bem. Tinha o Grande Meistre Pycelle e um exército de parteiras, e o meu irmão. Quando diziam a Jaime que não lhe seria permitido acompanhar os partos, ele sorria e perguntava quem iria mantê-lo do lado de fora. Temo que Joffrey não lhe mostre nenhuma devoção que se assemelhe a isso. Poderia agradecer à sua irmã por isso, se não estivesse morta. Ele nunca conseguiu esquecer aquele dia no Tridente, quando a viu envergonhá-lo, e por isso envergonha você como troco. Mas você é mais forte do que parece. Confio que sobreviva a um pouco de humilhação. Eu sobrevivi. Pode nunca amar o rei, mas amará seus filhos.

– Eu amo Sua Graça de todo o coração – Sansa disse.

A rainha suspirou:

– É melhor que aprenda algumas mentiras novas, e depressa. Lorde Stannis não gostará dessa, garanto.

– O novo Alto Septão disse que os deuses nunca permitirão que Lorde Stannis vença, pois Joffrey é o legítimo herdeiro.

Um meio sorriso tremulou no rosto da rainha:

– Filho e herdeiro legítimo de Robert. Embora Joff chorasse sempre que Robert o pegava. Sua Graça não gostava disso. Seus subordinados sempre balbuciaram alegremente para ele, e chuparam seu dedo quando o punha em suas bocas ilegítimas. Robert queria sorrisos e vivas, sempre, e por isso ia para onde os encontrava, para junto dos amigos e das prostitutas. Robert queria ser amado. Meu irmão Tyrion sofre da mesma doença. Quer ser amada, Sansa?

– Todo mundo quer ser amado.

– Vejo que a floração não a deixou mais esperta. Sansa, permita-me partilhar com você um pouco de sabedoria feminina neste dia tão especial. O amor é veneno. Um doce veneno, sim, mas mata do mesmo jeito.




Jon

Estava escuro no Passo dos Guinchos. Os grandes flancos de pedra das montanhas escondiam o sol durante a maior parte do dia, e eles avançavam pela sombra, com a respiração de homens e animais transformando-se em vapor no ar frio. Dedos gelados de água escorriam da neve que cobria o terreno mais elevado até pequenas poças congeladas que estalavam e se quebravam sob os cascos dos garranos. Às vezes viam algumas ervas daninhas que lutavam para se enraizar em alguma fenda da rocha, ou uma mancha de liquens de cor clara, mas não havia grama e estavam agora acima das árvores.

O caminho era tão íngreme quanto estreito, serpenteando sempre para cima. Onde o passo se apertava tanto que os cavaleiros tinham de seguir em fila indiana, o Escudeiro Dalbridge tomava a dianteira, examinando as alturas enquanto avançava, sempre com o arco ao alcance da mão. Dizia-se que ele tinha os olhos mais aguçados da Patrulha da Noite.

Fantasma caminhava desassossegadamente ao lado de Jon. De vez em quando parava e se virava, de orelhas levantadas, como se ouvisse qualquer coisa atrás deles. Jon pensava que os gatos-das-sombras não atacariam homens vivos, desde que não estivessem famintos, mas mesmo assim desatou a bainha de Garralonga.

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