– Não há dúvida de que Ned desejou poupá-la. Sua doce e jovem noiva, ainda que não fosse propriamente donzela. Bem, queria a verdade. Perguntou-me. Fizemos um acordo, nada posso lhe negar. Pergunte.
– O que está morto, morto está –
– Brandon era diferente do irmão, não era? Tinha sangue nas veias, e não água fria. Era mais parecido comigo.
– Brandon não se parecia em nada com você.
– Se você diz. Você e ele iam se casar.
– Ele vinha a caminho de Correrrio quando… – estranho como contar aquilo ainda fazia sua garganta apertar-se, depois de todos aqueles anos. – … Quando ouviu notícias de Lyanna e se dirigiu a Porto Real. Foi um ato precipitado – lembrava-se de como o pai tinha se enfurecido quando as notícias foram trazidas a Correrrio.
Jaime serviu-se da última meia taça de vinho.
– Ele entrou a cavalo na Fortaleza Vermelha com alguns companheiros, desafiando aos gritos o Príncipe Rhaegar a sair e morrer. Mas Rhaegar não estava lá. Aerys mandou os guardas prenderem-nos a todos, acusados de planejar o assassinato do filho. Os outros eram também filhos de senhores, parece-me.
– Ethan Glover era escudeiro de Brandon – Catelyn disse. – Foi o único sobrevivente. Os outros eram Joffrey Mallister, Kyle Royce e Elbert Arryn, sobrinho e herdeiro de Jon Arryn – era estranho como ainda se lembrava dos nomes, depois de tantos anos. – Aerys acusou-os de traição e convocou os pais à corte para responder à acusação, mantendo os filhos como reféns. Quando chegaram, mandou assassiná-los sem julgamento. Tanto os pais como os filhos.
– Houve julgamento. De certo modo. Lorde Rickard exigiu o julgamento por combate, e o rei concedeu-lhe o pedido. O Stark armou-se como se fosse para a batalha, pensando que iria travar um duelo com um membro da Guarda Real. Talvez eu. Em vez disso, levaram-no para a sala do trono e suspenderam-no das vigas enquanto dois dos piromantes de Aerys acendiam uma fogueira por baixo dele. O rei disse-lhe que o campeão da Casa Targaryen era o
– Aerys… – Catelyn sentia o sabor de bílis no fundo da garganta. A história era tão hedionda que suspeitava ter de ser verdadeira. – Aerys era louco, todo o reino sabia disso, mas se quer que acredite que o matou para vingar Brandon Stark…
– Não afirmei nada disso. Os Stark não eram nada para mim. Mas digo que me parece mais do que bizarro que seja amado por uma pessoa por uma gentileza que nunca fiz e injuriado por tantas por meu melhor ato. Na coroação de Robert, fui obrigado a ajoelhar-me aos pés reais ao lado do Grande Meistre Pycelle e de Varys, o eunuco, para que ele pudesse
– Não há nada que lhe diga respeito que eu ache divertido, Regicida.