– Sou suficientemente forte para ouvir qualquer coisa que achar por bem dizer.
– Nesse caso, como quiser. Mas primeiro, por bondade… o vinho. Minha garganta está em carne viva.
Catelyn pendurou a lâmpada na porta e deslocou a taça e o jarro para mais perto dele. Jaime bochechou com o vinho antes de engolir.
– Azedo e péssimo – disse –, mas serve – encostou as costas na parede, puxou os joelhos para o peito e a fitou. – Sua primeira pergunta, Senhora Catelyn?
Sem saber durante quanto tempo aquele jogo poderia se prolongar, Catelyn não perdeu tempo.
– É pai de Joffrey?
– Nunca perguntaria isso se não soubesse a resposta.
– Quero ouvi-la de sua boca.
Ele encolheu os ombros.
– Joffrey é meu. Assim como o resto da descendência de Cersei, suponho.
– Admite ser amante de sua irmã?
– Sempre amei minha irmã, e deve-me duas respostas. Minha família continua viva?
– Disseram-me que Sor Stafford Lannister foi morto em Cruzaboi.
Jaime mostrou-se impassível.
– Minha irmã chamava-o de Tio Palerma. São Cersei e Tyrion que me importam. Tal como o senhor meu pai.
– Estão vivos, os três –
Jaime bebeu um pouco mais de vinho.
– Faça a pergunta seguinte.
Catelyn tinha perguntado a si mesma se ele se atreveria a responder à pergunta seguinte com algo diferente de uma mentira.
– Como foi que meu filho Bran caiu?
– Atirei-o de uma janela.
O modo tranquilo como disse aquilo deixou-a sem voz por um instante.
– É um cavaleiro, prestou juramento de defender os fracos e inocentes.
– Ele era bastante fraco, mas talvez não tão inocente assim. Estava nos espiando.
– Bran não espiaria.
– Então, culpe esses seus preciosos deuses, que trouxeram o garoto até a nossa janela e lhe deram um vislumbre de algo que nunca devia ter visto.
– Culpar os
As correntes de Jaime tiniram suavemente.
– Raramente atiro crianças das torres para que sua saúde melhore. Sim, queria que morresse.
– E quando não morreu, sabia que estava em mais perigo do que nunca, e, então, deu à sua marionete um saco de prata para se assegurar de que Bran nunca despertaria.
– Eu fiz isso, é? – Jaime levantou a taça e bebeu um longo trago. – Não vou negar que falamos disso, mas a senhora estava com o garoto de dia e de noite, seu meistre e Lorde Eddard visitavam-no frequentemente, e havia guardas, e até aqueles malditos lobos selvagens… Teria sido necessário cortar caminho através de metade de Winterfell. E para que me incomodar, se o garoto parecia morrer por conta própria?
– Se mentir para mim, esta sessão chega ao fim – Catelyn estendeu as mãos, para lhe mostrar os dedos e as palmas. – O homem que veio cortar a garganta de Bran deixou-me estas cicatrizes. Jura que não desempenhou nenhum papel em seu envio?
– Sobre a minha honra de Lannister.
– Sua honra de Lannister vale menos do que
Jaime Lannister afastou-se do derramamento o mais que as correntes permitiam.
– Posso de fato ter merda no lugar de honra, não o nego, mas nunca na vida contratei alguém para matar por mim. Acredite no que quiser, Senhora Stark, mas se quisesse o seu Bran morto, o teria matado pessoalmente.
– Se não enviou o assassino, foi sua irmã que o fez.
– Se isso tivesse acontecido, eu saberia. Cersei não tem segredos para mim.
– Então foi o Duende.
– Tyrion é tão inocente como o seu Bran.
– Então, por que o assassino tinha o punhal dele?
– Que punhal era esse?
– Era deste tamanho – ela disse, afastando as mãos –, simples, mas bem-feito, com uma lâmina de aço valiriano e um cabo de osso de dragão. Seu irmão o ganhou de Lorde Baelish no torneio no dia do nome do Príncipe Joffrey.
O Lannister serviu-se de vinho, bebeu, serviu-se de novo e fitou a taça.
– Este vinho parece melhorar à medida que o bebo. Imagine. Acho que recordo desse punhal, agora que o descreve. Diz que ele o ganhou? Como?
– Apostando em você na justa contra o Cavaleiro das Flores – quando ouviu suas próprias palavras, Catelyn soube que tinha se enganado. – Não… Teria sido o contrário?