– O que houver – respondeu Dany. – Procurem outras cidades, vivas ou mortas. Procurem caravanas e pessoas, rios, lagos e o grande mar salgado. Procurem saber até onde se estende este deserto à nossa frente e o que há do outro lado. Quando deixar este lugar, não pretendo partir às cegas de novo. Quero saber para onde vou e qual é a melhor maneira de chegar lá.
E eles foram, com os guizos nos cabelos tilintando suavemente, enquanto Dany se instalava com seu pequeno bando de sobreviventes no lugar que chamaram de
Rakharo foi o primeiro a voltar. Ao sul, o deserto vermelho estendia-se por uma longa distância, ele relatou, até terminar numa costa desolada junto à água venenosa. Entre aquele lugar e a costa havia apenas turbilhões de areia, rochedos polidos pelo vento e plantas eriçadas de espinhos pontudos. Tinha passado junto às ossadas de um dragão, jurou, tão imensas que havia conduzido o cavalo por entre as suas grandes maxilas negras. Além disso, nada viu.
Dany o encarregou, e mais uma dúzia dos seus homens mais fortes, de remover o pavimento da praça a fim de chegar à terra que tinha por baixo. Se a erva-do-diabo crescia entre as pedras, outras ervas poderiam crescer depois de se remover as pedras. Tinham bastantes poços, não faltava água. Se houvesse sementes, poderiam fazer a praça florescer.
Aggo retornou em seguida. O sudoeste era estéril e queimado, jurou. Havia encontrado as ruínas de mais duas cidades, menores do que Vaes Tolorro, mas, tirando isso, iguais. Uma era protegida por um anel de crânios montados em lanças de ferro enferrujadas, então ele não se atreveu a entrar, mas explorou a segunda tanto quanto pôde. Mostrou a Dany uma pulseira de ferro que encontrara, ornamentada com uma opala de fogo bruta do tamanho do seu polegar. Também havia rolos de pergaminho, mas estavam secos e desfazendo-se, por isso Aggo os deixou onde estavam.
Dany agradeceu-lhe e lhe disse para tratar do conserto dos portões. Se inimigos tinham atravessado o deserto para destruir aquelas cidades nos tempos antigos, podiam perfeitamente regressar.
– Se assim for, devemos estar preparados – ela declarou.
Jhogo ficou longe tanto tempo, que Dany temeu que tivesse se perdido, mas, por fim, quando já tinham quase desistido de esperar por ele, chegou a cavalo vindo do sudeste. Um dos guardas que Aggo havia colocado de sentinela nos portões foi o primeiro a vê-lo e soltou um grito, e Dany correu para as muralhas para ver com seus próprios olhos. Era verdade. Jhogo regressava, mas não vinha sozinho. Atrás dele, três estranhos vestidos de modo esquisito, montados em feias criaturas com corcundas, maiores do que qualquer cavalo.
Puxaram as rédeas diante dos portões da cidade e ergueram o olhar para contemplar Dany, na muralha acima deles.
– Sangue do meu sangue – chamou Jhogo. – Estive na grande cidade de Qarth e voltei com três homens que queriam vê-la com seus próprios olhos.
Dany fitou os estranhos.
– Aqui estou. Olhem, se é essa a sua vontade… Mas primeiro digam-me seus nomes.
O homem pálido com lábios azuis respondeu em um dothraki gutural:
– Sou Pyat Pree, o grande mago.
O calvo com joias no nariz respondeu no valiriano das Cidades Livres:
– Sou Xaro Xhoan Daxos, dos Treze, um príncipe mercador de Qarth.
A mulher com a máscara laqueada de madeira falou no Idioma Comum dos Sete Reinos:
– Sou Quaithe da Sombra. Viemos em busca de dragões.
– Não procurem mais – Daenerys Targaryen respondeu. – Encontraram-nos.
Jon
B
Era a maior árvore que Jon já vira, com um tronco com quase dois metros e meio de largura, e galhos que se estendiam tanto, que a aldeia inteira descansava à sombra de sua copa. O tamanho não o perturbava tanto como o rosto… Especialmente a boca, que não era uma simples fenda esculpida, mas um buraco irregular suficientemente grande para engolir uma ovelha.