Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Uma árvore velha – Mormont estava montado, franzindo o cenho. “Velha”, concordou o corvo empoleirado no seu ombro. “Velha, velha, velha.

– E poderosa – Jon conseguia sentir o poder.

Thoren Smallwood, escuro na sua placa e cota de malha, desmontou ao lado do tronco.

– Olhem aquela cara. Pouco admira que os homens a temessem quando chegaram pela primeira vez a Westeros. Eu mesmo gostaria de dar uma machadada nessa coisa maldita.

– O senhor meu pai acreditava que nenhum homem podia dizer uma mentira perante uma árvore-coração. Os deuses antigos sabem quando os homens mentem – Jon falou.

– Meu pai acreditava nisso também – disse o Velho Urso. – Deixe-me dar uma olhada naquele crânio.

Jon desmontou. Presa às suas costas, em uma bainha de ombro de couro negro, encontrava-se Garralonga, a lâmina bastarda de mão e meia que o Velho Urso tinha lhe oferecido por ter salvo sua vida. Uma espada bastarda para um bastardo, brincavam os homens. O punho tinha sido feito de novo para ele, adornado com um botão em forma de cabeça de lobo esculpido em pedra clara, mas a lâmina propriamente dita era de aço valiriano, velha, leve e mortalmente afiada.

Ajoelhou-se e enfiou uma mão enluvada na goela. O interior do buraco estava vermelho da seiva seca e enegrecido pelo fogo. Sob o crânio viu outro, menor, com o maxilar arrancado. Estava meio enterrado em cinzas e pedaços de osso.

Quando trouxe o crânio a Mormont, o Velho Urso o ergueu com ambas as mãos e fitou as órbitas vazias.

– Os selvagens queimam seus mortos. Sempre soubemos disso. Agora gostaria de lhes ter perguntado por que, quando ainda havia alguns a quem perguntar.

Jon Snow lembrou da criatura se levantando, com os olhos azuis cintilando na face morta e pálida. Ele sabia por que, tinha certeza.

– Se ao menos os ossos falassem – resmungou o Velho Urso. – Este aqui poderia nos dizer muitas coisas. Como morreu. Quem o queimou e por quê. Para onde foram os selvagens – suspirou. – Dizem que os filhos da floresta podiam falar com os mortos. Mas eu não posso – atirou o crânio de volta para a boca da árvore, onde aterrissou com uma nuvem de cinza fina. – Revistem todas estas casas. Gigante, suba ao topo desta árvore e olhe em volta. Também quero que os cães sejam trazidos para cá. Talvez dessa vez o rastro esteja mais fresco – seu tom de voz não sugeria que tivesse grande esperança nisso.

Dois homens revistaram todas as casas, para ter certeza de que não deixariam escapar nada. Jon fez par com o severo Eddison Tollett, um escudeiro de cabelo grisalho e magro como uma lança, a quem os outros irmãos chamavam Edd Doloroso.

– Já é ruim o bastante quando os mortos caminham – disse a Jon enquanto atravessavam a aldeia –, e agora o Velho Urso quer vê-los também falando? Nada de bom viria disso, garanto. E quem poderá dizer que os ossos não mentiriam? Por que a morte deixaria um homem honesto, ou mesmo esperto? O mais provável é que os mortos sejam aborrecidos, cheios de queixas chatas… a terra está fria demais, minha lápide devia ser maior, por que é que ele tem mais vermes do que eu…

Jon teve de se abaixar para passar sob a porta baixa. Lá dentro, encontrou um chão de terra batida. Não havia mobília, nenhum sinal de que ali tinha vivido gente, além de algumas cinzas por baixo do buraco para a fumaça que terminava no teto.

– Que lugar triste para se viver – Jon disse.

– Eu nasci numa casa muito parecida com esta – Edd Doloroso contou. – Foram meus anos encantados. Mais tarde, acabei em tempos duros – um ninho de palha seca enchia um canto da sala como um colchão. Edd o olhou com saudade. – Trocaria todo o ouro de Rochedo Casterly por dormir de novo numa cama.

– Chama aquilo de cama?

– Se é mais mole do que o chão e tem um teto por cima, eu chamo de cama – Edd Doloroso farejou o ar. – Sinto cheiro de estrume.

O cheiro era muito fraco.

– Estrume antigo – Jon observou.

A casa parecia estar vazia há algum tempo. Ajoelhando-se, ele revolveu a palha com as mãos, para ver se alguma coisa tinha sido escondida por baixo, e depois percorreu as paredes. Não levou muito tempo.

– Não há nada aqui.

Nada daquilo era o que esperava; Brancarbor era a quarta aldeia por onde tinham passado, e em todas tinha sido a mesma coisa. As pessoas tinham desaparecido, desvanecendo com suas escassas posses e os animais que talvez tivessem. Nenhuma das aldeias dava sinais de ter sido atacada. Estavam... simplesmente vazias.

– O que acha que pode ter acontecido com eles? – Jon perguntou.

– Alguma coisa pior do que podemos imaginar – Edd Doloroso sugeriu. – Bem, eu talvez fosse capaz de imaginá-lo, mas prefiro não. Já é ruim o bastante saber que se vai ter um fim horrível qualquer sem se pensar nele com antecedência.

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