Читаем O manual pratico do vampirismo полностью

   Quando olhei novamente para a jovem, ela havia recuperado o controle, parado de chorar e me olhava firme e fixamente. Só então pude sentir aquele olhar e novamente uma sensação de desconforto tomou conta de mim. Suas olheiras escuras e profundas formavam uma moldura perfeita para o vácuo das pupilas negras.

   A tensão do momento permitiu-me um susto enorme quando ela levantou-se de um salto, tomou a folha de minha mãos e desapareceu correndo pela porta.

   Boa noite, Doutor Paul René!!!

   Hoje as pessoas são tratadas como peças, catalogadas, fichadas, numeradas e arquivadas. Isso tem um sentido prático, mas pode ser altamente prejudicial quando reduz o ser humano a um simples número numa máquina industrial qualquer. No entanto, no nosso fichário de médicos cadastrados e em convênio com o laboratório foi fácil encontrar o endereço do Dr. Paul René. E no outro fichário, a cópia do exame hematológico de Nicholas Jacquier. Um pouco de fantasia, mistério e aventura fazem um bem enorme e resolvi procurar pelo nobre colega e saber um pouco mais sobre seu paciente. E talvez um dia, quem sabe, rirmos um pouco da forma como nos conhecemos. Tive que esperar alguns dias, antes de aparecer oportunamente e vê-lo.

   Era uma noite agradável de primavera e resolvi ir caminhando até o endereço dele. Um casarão sóbrio, de pintura amarelo clara um tanto envelhecida, o que contribuía para o ar de nobreza da concepção arquitetônica. No entanto, a grande quantidade de luzes acesas denunciava uma movimentação anormal no interior da residência. Bati na porta e o som inconfundível do carvalho fez vibrar os ossos de minha mão e a vibração se espalhou pelo braço. Em pouco tempo a porta abriu-se e fui convidado a entrar por um criado preciso e eficiente, que encaminhou-me à sala de visitas. Ela estava repleta de pessoas, com um traço inconfundível e característico, que até hoje não consegui precisar bem qual seja. Mas foi fácil saber que estava num ambiente de médicos. Alguns conversavam em voz baixa, o ambiente tenso e uma atmosfera de expectativa pairava em tudo. Poucos me cumprimentaram e me senti pouco à vontade, sem entender o que estava ocorrendo. Então chamei o criado que me recebera e disse que precisava falar com o Dr. Paul René.

   Ele me respondeu que o Dr. Paul René havia piorado e não podia receber visitas. Num relâmpago minha intuição me disse que era absolutamente necessário fazer contato com o médico doente e respondi num impulso «Mas eu vim trazer os resultados dos exames dele». O criado acrescentou que ele estava se consultando com seu colega de confiança, Antoine Didier. Então pude acrescentar inapelavelmente «Claro, os exames foram pedidos pelo Dr. Didier». Em seguida deslizamos pelos corredores em direção aos aposentos do enfermo. O criado não entrou. O ambiente bem cuidado tinha um ar de tranqüilidade. O paciente ouvia atentamente as últimas recomendações do colega, que tudo indicava estar se retirando. Do outro lado da cama, uma senhora bastante idosa mas com uma postura muito firme e presente, assistia a tudo com uma atitude solene. Já Paul René parecia se esforçar por continuar mantendo os olhos abertos. Tudo nele indicava um estado grave e risco de vida. No entanto, apesar dos seus aparentes 70 anos, era visível uma constituição física invejável. O que talvez estivesse definindo sua resistência e condições atuais. Após a saída do assistente ele recostou-se e olhou-me com um ar interrogativo. Aproximei-me vagarosamente e sorrindo, sentei-me na cadeira recém desocupada. A Senhora do outro lado inclinou-se suavemente para a frente, redobrando a atenção. Senti que eu teria que justificar muito bem minha presença, pois todos que estavam na sala de visitas haviam respeitado a necessidade de repouso do paciente. Optei pela franqueza e narrei delicadamente o motivo que me tinha levado até ali. Quando terminei, ele fez um sinal para Senhora, pedindo que se assentasse novamente. Eu nem havia notado que ela se levantara, muito tensa. E com uma energia surpreendente para seu estado, ele me falou calmamente: «Nobre colega. Tenho experiência de vida suficiente para conhecer muito das pessoas em pouco tempo de convivência. E sinto que posso confiar no Senhor. A gravidade do meu estado não me permite aguardar por mais tempo a tomada de decisões que se fazem urgentíssimas. Vejo a sua vinda aqui como profundamente providencial. Tenho motivos para acreditar que suas conclusões matemáticas acerca das relações entre os dados do exame de sangue referido não são frutos do acaso. Pelo contrário, elas podem estar absolutamente corretas. Vou relatar os dados mais importantes e o restante o Senhor tomará conhecimento através de documentos que confiarei à sua guarda. Até hoje não o tinha feito pois não consegui encontrar uma pessoa em condições de compreender os fatos em toda a sua pleni8tude e tentar resolvê-los de uma forma satisfatória.» Enquanto falava, uma nova energia parecia animalo.

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