– Joffrey também se interessará, não duvido –
– É nossa grande esperança que o rei visite nosso palácio na sua real pessoa. Falei sobre isso à sua real irmã. Um grande banquete…
Estava ficando mais quente à medida que subiam.
– Sua Graça proibiu todos os banquetes até que a guerra esteja ganha –
– Um gesto muito, hummm,
– Levarei o assunto à consideração da minha irmã – Tyrion não tinha nenhuma objeção a alguns truques de magia, mas o gosto de Joff por obrigar homens a lutar até a morte já era aflição suficiente; não tinha nenhuma intenção de permitir que o rapaz experimentasse a possibilidade de queimá-los vivos.
Quando enfim chegaram ao topo dos degraus, Tyrion livrou-se da pele de gato-das-sombras e dobrou-a sobre o braço. A Guilda dos Alquimistas era um majestoso labirinto de pedra negra, mas Hallyne indicou-lhe o caminho pelas suas curvas e contracurvas até chegarem à Galeria dos Archotes de Ferro, um longo salão ecoante, onde espirais de fogo verde dançavam em torno de colunas de metal negro com seis metros de altura. Chamas fantasmagóricas refletiam-se no mármore negro polido das paredes e do chão e banhavam o salão com um esplendor esmeralda. Tyrion teria ficado mais impressionado se não soubesse que os grandes archotes de ferro só tinham sido acesos naquela manhã em honra da sua visita, mas seriam extintos no instante em que as portas se fechassem nas suas costas. O fogovivo era caro demais para se esbanjar.
Emergiram no topo da larga escadaria curva que dava para a Rua das Irmãs, perto do sopé da Colina de Visenya. Tyrion disse adeus a Hallyne e bamboleou-se até onde Timett, filho de Timett, esperava com uma escolta de Homens Queimados. Dado seu propósito hoje, tinha-lhe parecido uma escolha singularmente apropriada para sua guarda. Além disso, as cicatrizes deles inspiravam terror nos corações do populacho. Nos dias que corriam, isso era ótimo. Não mais do que três noites antes, outra multidão tinha se reunido nos portões da Fortaleza Vermelha, clamando por comida. Joff soltara uma tempestade de flechas contra eles, matando quatro, e depois gritara-lhes que tinham sua autorização para comer os mortos.
Tyrion ficou surpreso ao ver, agora, Bronn, em pé, ao lado da liteira.
– O que você está fazendo aqui?
– Venho entregar suas mensagens. – A Mão de Ferro quer você com urgência no Portão dos Deuses. Não quis me dizer por quê. E Maegor também foi convocado.
–
Bronn encolheu os ombros.
– A rainha ordena-lhe que regresse imediatamente ao castelo e se ponha a seu serviço nos seus aposentos. Foi aquele seu primo moleque quem entregou a mensagem. Quatro pelos debaixo do nariz, e se julga um homem.
– Quatro pelos e um título de cavaleiro. Ele agora é
– Ela não vai gostar disso – Bronn preveniu.
– Ótimo. Quanto mais tempo Cersei esperar, mais zangada ficará, e a ira torna-a estúpida. Prefiro-a de longe zangada e estúpida, a tranquila e astuta – Tyrion atirou o manto dobrado para dentro da liteira, e Timett o ajudou a subir depois.
A praça do mercado, que ficava junto ao Portão dos Deuses, e que em tempos normais estaria atulhada de agricultores vendendo legumes, estava quase deserta quando Tyrion a atravessou. Sor Jacelyn foi ao seu encontro no portão e ergueu a mão de ferro numa saudação brusca.
– Senhor. Seu primo Cleos Frey está aqui, vindo de Correrrio, sob uma bandeira de paz, trazendo uma carta de Robb Stark.
– Condições de paz?
– É o que ele diz.
– Meu primo querido. Leve-me até ele.
Os homens de manto dourado tinham confinado Sor Cleos em uma sala da guarda sem janelas e dentro da guarita. Ele se levantou quando entraram.
– Tyrion, como é bom vê-lo.
– Isso não é algo que eu ouça com frequência, primo.
– Cersei veio junto?