O ruído que a outra mulher fazia ao comer tinha se tornado intolerável para ela.
– Brienne, não sou uma boa companhia. Vá se juntar aos festejos, se quiser. Beba um corno de cerveja e dance ao som da harpa de Rymund.
– Não fui feita para festejos, senhora – as grandes mãos da jovem partiram um naco de pão preto. Brienne encarou os pedaços como se tivesse se esquecido do que eram. – Se ordenar, eu…
Catelyn conseguia sentir seu desconforto.
– Só pensei que poderia apreciar uma companhia mais feliz do que a minha.
– Estou bastante satisfeita – a garota usou o pão para recolher um pouco da gordura do bacon em que a truta tinha sido frita.
– Chegou outra ave hoje de manhã – Catelyn não sabia por que tinha dito aquilo. – O meistre acordou-me imediatamente. Foi um ato cumpridor, mas não gentil. Não foi nada gentil – não quisera contar a Brienne. Ninguém sabia além dela e de Meistre Vyman, e tinha a intenção de manter as coisas assim até… até…
– São notícias de Porto Real? – Brienne perguntou.
– Bem gostaria que fossem. A ave veio do Castelo Cerwyn, de Sor Rodrik, meu castelão –
– Senhora, o que é? São notícias de seus filhos?
Aquela era uma pergunta tão simples; que bom seria se a resposta pudesse ser igualmente simples. Quando Catelyn tentou falar, as palavras ficaram presas em sua garganta.
– Não tenho nenhum filho, a não ser Robb – conseguiu proferir aquelas palavras terríveis sem um soluço, e pelo menos por isso sentiu-se contente.
Brienne olhou-a com horror.
– Senhora?
– Bran e Rickon tentaram escapar, mas foram capturados num moinho na Água de Bolotas. Theon Greyjoy pendurou a cabeça deles nas muralhas de Winterfell. Theon Greyjoy, que comeu à minha mesa desde que era um garoto de dez anos –
O rosto de Brienne era um borrão de água. A moça estendeu a mão por sobre a mesa, mas seus dedos não chegaram aos de Catelyn, como se julgasse que o toque não seria bem-vindo.
– Eu… não há palavras, senhora. Minha boa senhora. Seus filhos, eles… eles estão agora com os deuses.