Читаем A Fúria dos Reis полностью

Mas, enquanto os dragões prosperavam, o khalasar definhava e morria. Em volta deles, a terra se tornava ainda mais desolada. Até a erva-do-diabo escasseava; os cavalos caíam mortos no caminho, sobrando tão poucos, que alguns dos seus tinham de se arrastar a pé. Doreah pegou uma febre e foi piorando a cada légua que venciam. Em seus lábios e mãos estouraram pústulas de sangue, seu cabelo caiu em chumaços e num entardecer faltaram-lhe forças para montar o cavalo. Jhogo disse que tinham de abandoná-la, ou atá-la à sela, mas Dany se lembrou de uma noite no mar dothraki, quando a moça lisena lhe ensinara segredos para que Drogo a amasse mais. Deu a Doreah água do seu próprio odre, refrescou sua testa com um pano úmido e segurou sua mão até que a moça morreu, tremendo. E só então permitiu que o khalasar prosseguisse viagem.

Não viram sinal de outros viajantes. Os dothrakis começavam a murmurar, temerosos, que o cometa os levava para algum inferno. Uma manhã, Dany foi falar com Sor Jorah Mormont, enquanto montavam acampamento no meio de um amontoado de rochas pretas polidas pelo vento:

– Estamos perdidos? Será que este deserto não tem fim?

– Tem um fim – ele respondeu com a voz cansada. – Eu vi os mapas que os mercadores desenham, minha rainha. Poucas caravanas vêm nesta direção, isso é certo, mas há grandes reinos para leste, e cidades cheias de maravilhas. Yi Ti, Qarth, Asshai da Sombra…

– Sobreviveremos o suficiente para vê-las?

– Não vou mentir. O caminho é mais duro do que me atrevi a imaginar.

O rosto do cavaleiro estava cinzento e exausto. A ferida que tinha sofrido no quadril, na noite em que lutara com os companheiros de sangue de Khal Drogo, nunca chegou a sarar por completo. Dany via as caretas que Mormont fazia quando montava, e parecia andar encurvado na sela enquanto avançavam.

– Talvez estejamos condenados se prosseguirmos… Mas sei, com toda certeza, que estaremos condenados se voltarmos.

Dany deu um leve beijo no rosto de Mormont. Sentiu-se animada ao vê-lo sorrir. Também tenho de ser forte por ele, pensou amargamente. Pode ser um cavaleiro, mas eu sou do sangue do dragão.

O charco seguinte que encontraram estava fervendo e fedia a enxofre, mas seus odres já estavam quase vazios. Os dothrakis arrefeceram a água em vasilhas e cântaros e beberam-na tépida. O sabor não ficou melhor, mas água era água, e todos tinham sede. Dany olhou o horizonte com desespero. O número do seu grupo tinha se reduzido a um terço, e o deserto ainda se estendia à sua frente, ermo, vermelho, e sem fim. O cometa zomba das minhas esperanças, ela pensou, erguendo os olhos para onde o astro riscava o céu. Será que atravessei metade do mundo e vi o nascimento de dragões apenas para morrer com eles neste deserto duro e quente? Não podia acreditar.

No dia seguinte, a alvorada surgiu quando atravessavam uma planície de dura terra vermelha, cheia de rachaduras e fissuras. Dany preparava-se para ordenar ao khalasar que montassem o acampamento quando os batedores voltaram a galope.

– Uma cidade, Khaleesi – gritaram. – Uma cidade pálida como a lua e adorável como uma donzela. A uma hora de cavalgada, não mais.

– Mostrem-me – ela pediu.

Quando a cidade surgiu à sua frente, com as muralhas e torres tremeluzindo, brancas, por trás de um véu de calor, parecia tão bela que Dany estava certa de se tratar de uma miragem.

– Sabe que lugar pode ser este? – perguntou a Sor Jorah.

O cavaleiro exilado sacudiu fatigadamente a cabeça.

– Não, minha rainha. Nunca viajei até tão longe para leste.

As distantes muralhas brancas prometiam descanso e segurança, uma chance de cura e fortalecimento, e não havia nada que Dany desejasse mais do que correr para elas. Mas, em vez disso, virou-se para os seus companheiros de sangue:

– Sangue do meu sangue, vão à nossa frente e investiguem o nome desta cidade e que tipo de recepção devemos esperar.

Sim, Khaleesi – Aggo respondeu.

Os companheiros não levaram muito tempo para voltar. Rakharo saltou do cavalo. Do seu cinto de medalhões pendia o grande arakh curvo, que Dany lhe tinha oferecido quando o nomeou companheiro de sangue.

– Esta cidade está morta, Khaleesi. Encontramo-la sem nome e sem deus, com os portões quebrados, e não mais do que vento e moscas se movendo pelas ruas.

Jhiqui estremeceu.

– Quando os deuses vão embora, os espíritos do mal banqueteiam-se à noite. É melhor evitar esses lugares. É sabido.

– É sabido – Irri concordou.

– Não por mim – Dany esporeou o cavalo e indicou-lhes o caminho, trotando sob o arco estilhaçado de um antigo portão e avançando ao longo de uma rua silenciosa. Sor Jorah e os companheiros de sangue seguiram-na, e depois, mais lentamente, o resto dos dothrakis.

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