Mas, enquanto os dragões prosperavam, o
Não viram sinal de outros viajantes. Os dothrakis começavam a murmurar, temerosos, que o cometa os levava para algum inferno. Uma manhã, Dany foi falar com Sor Jorah Mormont, enquanto montavam acampamento no meio de um amontoado de rochas pretas polidas pelo vento:
– Estamos perdidos? Será que este deserto não tem fim?
– Tem um fim – ele respondeu com a voz cansada. – Eu vi os mapas que os mercadores desenham, minha rainha. Poucas caravanas vêm nesta direção, isso é certo, mas há grandes reinos para leste, e cidades cheias de maravilhas. Yi Ti, Qarth, Asshai da Sombra…
– Sobreviveremos o suficiente para vê-las?
– Não vou mentir. O caminho é mais duro do que me atrevi a imaginar.
O rosto do cavaleiro estava cinzento e exausto. A ferida que tinha sofrido no quadril, na noite em que lutara com os companheiros de sangue de Khal Drogo, nunca chegou a sarar por completo. Dany via as caretas que Mormont fazia quando montava, e parecia andar encurvado na sela enquanto avançavam.
– Talvez estejamos condenados se prosseguirmos… Mas sei, com toda certeza, que estaremos condenados se voltarmos.
Dany deu um leve beijo no rosto de Mormont. Sentiu-se animada ao vê-lo sorrir.
O charco seguinte que encontraram estava fervendo e fedia a enxofre, mas seus odres já estavam quase vazios. Os dothrakis arrefeceram a água em vasilhas e cântaros e beberam-na tépida. O sabor não ficou melhor, mas água era água, e todos tinham sede. Dany olhou o horizonte com desespero. O número do seu grupo tinha se reduzido a um terço, e o deserto ainda se estendia à sua frente, ermo, vermelho, e sem fim.
No dia seguinte, a alvorada surgiu quando atravessavam uma planície de dura terra vermelha, cheia de rachaduras e fissuras. Dany preparava-se para ordenar ao
– Uma cidade,
– Mostrem-me – ela pediu.
Quando a cidade surgiu à sua frente, com as muralhas e torres tremeluzindo, brancas, por trás de um véu de calor, parecia tão bela que Dany estava certa de se tratar de uma miragem.
– Sabe que lugar pode ser este? – perguntou a Sor Jorah.
O cavaleiro exilado sacudiu fatigadamente a cabeça.
– Não, minha rainha. Nunca viajei até tão longe para leste.
As distantes muralhas brancas prometiam descanso e segurança, uma chance de cura e fortalecimento, e não havia nada que Dany desejasse mais do que correr para elas. Mas, em vez disso, virou-se para os seus companheiros de sangue:
– Sangue do meu sangue, vão à nossa frente e investiguem o nome desta cidade e que tipo de recepção devemos esperar.
–
Os companheiros não levaram muito tempo para voltar. Rakharo saltou do cavalo. Do seu cinto de medalhões pendia o grande
– Esta cidade está morta,
Jhiqui estremeceu.
– Quando os deuses vão embora, os espíritos do mal banqueteiam-se à noite. É melhor evitar esses lugares. É sabido.
– É sabido – Irri concordou.
– Não por mim – Dany esporeou o cavalo e indicou-lhes o caminho, trotando sob o arco estilhaçado de um antigo portão e avançando ao longo de uma rua silenciosa. Sor Jorah e os companheiros de sangue seguiram-na, e depois, mais lentamente, o resto dos dothrakis.