– Por que devo temer Pono? – Dany quis saber. – Ele era
– Ko Pono falou com você com gentileza – Sor Jorah Mormont respondeu. – Khal Pono matará você. Ele foi o primeiro a abandonar Drogo. Foram com ele dez mil guerreiros. Você tem cem.
– Tenho os dragões.
– Crias – corrigiu-a Sor Jorah. – Um golpe de
– São meus – ela disse ferozmente. Tinham nascido da sua fé e da sua necessidade, tinham recebido a vida das mortes do marido, do filho natimorto e da
– Não viverá por muito tempo caso se encontre com Khal Pono. Nem com Khal Jhaqo, ou qualquer um dos outros. Tem de ir para onde eles não forem.
Dany nomeara-o o primeiro da sua Guarda Real… E quando os conselhos duros de Mormont e os presságios coincidiam, seu caminho ficava claro. Reuniu seu povo e montou a égua prateada. Seu cabelo tinha ardido na pira de Drogo, por isso as aias envolveram-na na pele do
– Seguimos o cometa – Dany falou ao
Avançavam durante a noite, e de dia refugiavam-se do sol sob as tendas. Em breve, Dany viu a verdade das palavras de Doreah. Aquela não era uma região receptiva. Deixaram atrás de si um rastro de cavalos mortos e moribundos, pois Pono, Jhaqo e os outros tinham levado o que havia de melhor nas manadas de Drogo, deixando para Dany os animais velhos e esqueléticos, os doentes e os coxos, os animais inutilizados e os de mau temperamento. Era o mesmo com as pessoas.
Três dias depois de iniciarem a marcha, o primeiro homem morreu. Um velho desdentado, com olhos azuis enevoados, caiu exausto da sela e não conseguiu se levantar. Uma hora mais tarde, partiu. Moscas de sangue enxamearam em volta do seu cadáver e transportaram sua má sorte para os vivos.
– Já tinha passado seu tempo – a aia Irri declarou. – Nenhum homem deve viver mais do que os seus dentes.
Os outros concordaram. Dany ordenou-lhes que matassem o mais fraco dos cavalos moribundos, para que o morto pudesse partir montado para as terras da noite.
Duas noites mais tarde, foi uma menina pequena quem pereceu. Os lamentos angustiados da mãe duraram o dia inteiro, mas não havia o que fazer. A pobre criança era pequena demais para montar a cavalo. O mato negro sem fim das terras da noite não era para ela; teria de voltar a nascer.
Havia pouco alimento no deserto vermelho e ainda menos água. Era uma terra ressequida e desolada de montes baixos e planícies estéreis varridas pelo vento. Os rios que cruzaram estavam secos como ossos de cadáveres. As montarias subsistiam da dura erva-do-diabo marrom que crescia em moitas na base dos rochedos e de árvores mortas. Dany enviou batedores à frente da coluna, mas não encontraram poços nem nascentes, apenas charcos amargos, rasos e parados, minguando ao sol quente. Quanto mais profundamente penetravam no deserto, menores se tornavam os charcos, enquanto a distância entre eles crescia. Se havia deuses nessa vastidão sem trilhas feita de pedra, areia e barro vermelho, eram duros e secos, surdos às preces que pediam chuva.