Читаем A Fúria dos Reis полностью

O vinho foi o primeiro a acabar, e pouco depois terminava o leite coalhado de égua que os senhores dos cavalos apreciavam mais do que hidromel. Então esgotaram-se também as reservas de pão frito e carne-seca. Os caçadores não encontravam caça, e só a carne dos cavalos mortos enchia suas barrigas. As mortes sucediam-se. Crianças fracas, velhas encarquilhadas, doentes, estúpidos e imprudentes, a terra cruel reclamava-os todos. Doreah tornou-se magra e de olhos encovados, e seu delicado cabelo dourado ficou quebradiço como palha.

Dany passava fome e sede como os outros. O leite secou nos seus seios, seus mamilos racharam e sangraram, e a carne foi desaparecendo do seu corpo dia após dia, até ficar magra e dura como um pau, mas era pelos dragões que temia. O pai tinha sido morto antes de ela nascer, e seu magnífico irmão Rhaegar também. A mãe morrera trazendo-a ao mundo, enquanto lá fora a tempestade rugia. O gentil Sor Willem Darry, que a seu modo devia tê-la amado, fora levado por uma doença debilitante quando era muito nova. O irmão Viserys, Khal Drogo, que era o sol-e-estrelas de Daenerys, até o filho natimorto, os deuses tinham reclamado todos eles. Não terão os meus dragões, Dany jurou.

Não os terão.

Os dragões não eram maiores do que os gatos magros que via antigamente esgueirando-se junto aos muros da propriedade do Magíster Illyrio em Pentos… Até abrirem as asas. A envergadura era três vezes maior que o comprimento do corpo, e cada asa era um delicado leque de pele translúcida, maravilhosamente colorida, bem retesada entre longos ossos finos. Quando se olhava com atenção, via-se que a maior parte do corpo dos animais era pescoço, cauda e asas. Coisas tão pequenas, ela pensou, enquanto os alimentava na mão. Ou melhor, tentava alimentá-los, pois os dragões não queriam comer. Silvavam e cuspiam todos os pedaços de carne de cavalo, exalando vapor pelas narinas, mas não aceitavam a comida… Até que Dany se recordou de algo que Viserys lhe tinha dito quando eram crianças.

Só os dragões e os homens comem carne cozida

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Quando mandou as aias torrarem a carne de cavalo até deixá-la preta, os dragões devoraram-na avidamente, projetando as cabeças como serpentes. Desde que a carne estivesse crestada, engoliam várias vezes seu próprio peso todos os dias, e por fim começaram a crescer e a se fortalecer. Dany maravilhava-se com a maciez das suas escamas, e com o calor que emanavam, tão palpável que, em noites frias, os corpos inteiros pareciam gerar vapor.

Sempre que caía a noite, quando o khalasar se punha em movimento, escolhia um dragão para seguir empoleirado no seu ombro. Irri e Jhiqui levavam os outros numa gaiola de madeira trançada, pendurada entre as suas montarias, e seguiam logo atrás dela, para que Dany sempre pudesse ser vista. Era a única maneira de mantê-los tranquilos.

– Os dragões de Aegon foram batizados em homenagem aos deuses da antiga Valíria – Dany contou aos companheiros de sangue uma manhã, depois de uma longa noite de viagem. – O dragão de Visenya era Vhagar, Rhaenys tinha Meraxes e Aegon montava Balerion, o Terror Negro. Dizia-se que o sopro de Vhagar era tão quente, que era capaz de derreter a armadura de um cavaleiro e cozinhar o homem lá dentro; que Meraxes engolia cavalos inteiros; e quanto a Balerion… Seu fogo era negro como suas escamas, as asas tão vastas que vilas inteiras eram engolidas pela sua sombra quando passava por cima delas.

Os dothrakis olhavam incomodados para as crias. O maior dos três era de um negro luzidio, com as escamas rasgadas por faixas de um escarlate vivo que combinava com as asas e os chifres.

Khaleesi

– Aggo murmurou –, ali está Balerion redivivo.

– Pode ser como diz, sangue do meu sangue – Dany respondeu gravemente –, mas terá um novo nome para esta nova vida. Quero batizá-los evocando aqueles que os deuses levaram. O verde será Rhaegal, em homenagem ao meu valente irmão, que morreu nas margens verdes do Tridente. Ao creme e dourado chamo Viserion. Viserys era cruel, fraco e assustado, mas, ainda assim, era meu irmão. Seu dragão fará o que ele não pôde fazer.

– E o animal negro? – Sor Jorah Mormont quis saber.

– O negro é Drogon.

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