Uma criada abriu caminho até eles, dando tapas nas mãos que a apalpavam durante o percurso. Davos encomendou uma caneca de cerveja, virou-se de volta para Saan e disse:
– Como estão as defesas da cidade?
O outro encolheu os ombros:
– As muralhas são altas e fortes, mas quem irá guarnecê-las? Andam construindo balistas e catapultas de fogo, ah, claro, mas os homens de mantos dourados são poucos demais, verdes demais, e não há outros. Um ataque rápido, como um falcão caindo sobre uma galinha, e a grande cidade será nossa. Dê-nos vento para encher nossas velas, e seu rei poderá sentar no seu Trono de Ferro amanhã ao cair da noite. Poderíamos vestir o anão de quadriculado e espetar suas bochechinhas com as pontas das nossas lanças para obrigá-lo a dançar para nós, e talvez seu piedoso rei possa me presentear com a bela Rainha Cersei para aquecer a minha cama por uma noite. Há tempo demais que estou longe das minhas esposas, e sempre a seu serviço.
– Pirata – disse Davos. – Você não tem esposas, só concubinas, e foi bem pago por todos os dias e por todos os navios.
– Só em promessas – disse Salladhor Saan com ar fúnebre. – Meu bom senhor, é ouro que desejo, não palavras em papéis – enfiou uma uva na boca.
– Terá o seu ouro quando capturarmos o tesouro em Porto Real. Não há nos Sete Reinos homem mais honrado do que Stannis Baratheon. Ele manterá sua promessa.
Mesmo enquanto falava, Davos pensava:
– Foi o que ele disse e voltou a dizer. E o que eu digo é: Vamos em frente. Nem estas uvas podem estar mais maduras do que aquela cidade, velho amigo.
A criada voltou com a cerveja, e Davos lhe deu uma moeda de cobre.
– Talvez conseguíssemos capturar Porto Real, como diz – Davos continuou, enquanto erguia a caneca –, mas por quanto tempo conservaríamos a cidade? Sabe-se que Tywin Lannister está em Harrenhal com uma grande tropa, e Lorde Renly…
– Ah, sim, o jovem irmão – Salladhor Saan o interrompeu. – Essa parte não é tão boa, meu amigo. Rei Renly se apressa. Não, aqui ele é
– Ele leva a
O outro encolheu os ombros.
– Não me disse por quê. Talvez esteja relutante em se separar, nem que seja por uma noite, da quente toca que ela tem entre as pernas. Ou talvez tenha uma absoluta certeza de vitória.
– O rei deve ser informado.
– Já tratei disso, meu bom sor. Embora Sua Graça franza tanto o cenho sempre que me vê, tremo de ir à sua presença. Acha que ele gostaria mais de mim se eu usasse uma camisa de crina e nunca sorrisse? Bem, não o farei. Sou um homem honesto, tem de me aguentar vestido de seda e samito. Caso contrário, levarei meus navios para onde me apreciem mais. Aquela espada não era a Luminífera, meu amigo.
A súbita mudança de assunto deixou Davos pouco à vontade.
– Espada?
– Uma espada arrancada do fogo, sim. Os homens contam-me coisas, é o meu sorriso agradável. Como irá uma espada queimada servir Stannis?
– Uma espada