Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Um enviado comercial de Lys, uma vez observou, para mim, que Lorde Stannis devia amar muito a filha, pois erigiu centenas de estátuas dela ao longo das muralhas de Pedra do Dragão. “Senhor”, tive de lhe dizer, “aquilo são gárgulas” – e soltou uma pequena gargalhada. – Sor Axell poderia servir para pai de Shireen, mas, segundo a minha experiência, quanto mais bizarra e chocante for a história, mais provável é que a repitam. Stannis tem um bobo especialmente grotesco, um imbecil com a cara tatuada.

Grande Meistre Pycelle olhou-o boquiaberto, horrorizado.

– Com certeza não pretende sugerir que a Senhora Selyse levaria um bobo para sua cama?

– É preciso ser um bobo para querer se deitar com Selyse Florent – Mindinho respondeu. – Sem dúvida, Cara-Malhada fez-me lembrar de Stannis. E as melhores mentiras contêm dentro de si pepitas de verdade, suficientes para dar o que pensar ao ouvinte. Ora, acontece que este bobo é completamente devoto à menina e a segue para todo lado. Até se parecem um pouco. Shireen também tem uma cara malhada e meio congelada.

Pycelle estava perdido.

– Mas isso foi da escamagris, que quase a matou quando bebê, pobrezinha.

– Gosto mais da minha história – disse Mindinho. – E o mesmo acontecerá com o povo. A maioria acredita que, se uma mulher comer coelho durante a gravidez, dará à luz um filho com grandes orelhas de abano.

Cersei sorriu o tipo de sorriso que costumava reservar para Jaime.

– Lorde Petyr, você é uma criatura perversa.

– Obrigado, Vossa Graça.

– E um mentiroso de grande talento – acrescentou Tyrion, com menos calor. Esse aí é mais perigoso do que eu pensava, refletiu.

Os olhos cinza-esverdeados de Mindinho enfrentaram o olhar desigual do anão sem sinal de desconforto.

– Todos temos nossos dons, senhor.

A rainha estava envolvida demais na sua vingança para reparar na conversa.

– Chifrado por um bobo imbecil! Vão rir de Stannis em todas as tabernas deste lado do mar estreito.

– A história não deve partir de nós – Tyrion observou –, pois seria vista como uma mentira contada em proveito próprio – que é o

que ela é, é claro.

De novo, foi Mindinho quem forneceu a resposta.

– As prostitutas adoram fofocar, e acontece que possuo alguns bordéis. Sem dúvida Varys poderá plantar sementes nas cervejarias e refeitórios.

– Varys – Cersei franziu a sobrancelha. – Onde está Varys?

– Eu próprio tenho pensado nisso, Vossa Graça.

– A Aranha tece suas teias secretas de dia e de noite – disse o Grande Meistre Pycelle em tom sinistro. – Não confio nesse homem, senhores.

– E ele fala tão bem de você... – Tyrion empurrou-se da cadeira. Acontece que sabia o que o eunuco andava fazendo, mas não era nada que os outros conselheiros precisassem ouvir. – Peço-lhes perdão, senhores. Outros assuntos me chamam.

Cersei ficou imediatamente desconfiada:

– Assuntos do rei?

– Nada com que tenha de se preocupar.

– Prefiro eu mesma avaliar isso.

– Quer estragar minha surpresa? Vou mandar fazer um presente para Joffrey. Uma pequena corrente.

– Para que ele precisaria de mais uma corrente? Tem correntes de ouro e de prata em maior número do que consegue usar. Se pensa por um instante que pode comprar o amor de Joff com presentes…

– Ora, certamente tenho o amor do rei, tal como ele tem o meu. E creio que ele um dia apreciará esta corrente mais do que todas as outras.

O homenzinho fez uma reverência e bamboleou-se em direção à porta.

Bronn esperava na entrada da sala do conselho para escoltá-lo de volta à Torre da Mão.

– Os ferreiros estão na sua sala de audiências, no aguardo da sua vontade – ele disse enquanto atravessavam o pátio.

– No aguardo da minha vontade. Gosto de como isso soa, Bronn. Quase parece um cortesão de verdade. A seguir, vai se ajoelhar.

– Vá se foder, anão.

– Isso é tarefa de Shae – Tyrion ouviu a Senhora Tanda chamando-o alegremente do topo dos degraus em espiral. Fingindo não reparar nela, bamboleou-se um pouco mais depressa. – Mande aprontar minha liteira. Deixarei o castelo assim que me livrar disso – dois dos Irmãos da Lua estavam de guarda na porta. Tyrion os saudou simpaticamente e fez uma careta antes de começar a subir as escadas. A subida até seu quarto fazia suas pernas doerem.

Lá dentro, deparou-se com um rapaz de doze anos que punha roupas sobre sua cama, como uma espécie de escudeiro. Podrick Payne era tão tímido que se tornava furtivo. Tyrion nunca tinha se livrado da suspeita de que o pai lhe impusera o rapaz como piada.

– Seus trajes, senhor – murmurou o rapaz, fitando as próprias botas, quando Tyrion entrou. Mesmo quando conseguia arranjar coragem para falar, Pod nunca era capaz de olhar o interlocutor. – Para a audiência. E o seu colar. Seu colar de Mão.

– Muito bem. Ajude-me a me vestir.

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