– Meistre Franken recebeu a primeira mensagem em Castelo Stokeworth – explicou o Grande Meistre Pycelle. – A segunda cópia chegou até nós por Lorde Gyles.
Mindinho passou os dedos pela barba.
– Se Stannis se incomodou com
– Quero essas cartas queimadas, todas elas – Cersei declarou. – Nem um sinal disso deve chegar aos ouvidos do meu filho ou do meu pai.
– Imagino que nosso pai tenha ouvido bem mais do que um sinal a essa altura – Tyrion disse secamente. – Certamente Stannis enviou uma ave para Rochedo Casterly e outra para Harrenhal. Quanto a queimar as cartas, para quê? A canção está cantada, o vinho, derramado, a meretriz, grávida. E isso não é tão terrível como parece, na verdade.
Cersei virou-se para ele com seus olhos verdes em fúria.
– É completamente imbecil? Leu o que ele diz?
– Stannis precisa ter algum pretexto para justificar sua rebelião. Que esperava que ele escrevesse? “Joffrey é o filho e herdeiro legítimo do meu irmão, mas, apesar de tudo, pretendo tirar o trono dele”?
– Não admitirei que me chamem de prostituta!
– “Feito à Luz do Senhor” – leu em voz alta. – Estranha escolha de palavras, esta.
Pycelle pigarreou.
– Essas palavras aparecem com frequência em cartas e documentos vindos das Cidades Livres. Não significam mais do que, digamos,
– Varys contou-nos há alguns anos que a Senhora Selyse tinha se tornado devota de uma sacerdotisa vermelha – Mindinho lembrou-lhes.
Tyrion bateu levemente no papel.
– E agora, ao que parece, o senhor seu esposo fez o mesmo. Podemos usar isso contra ele. Instigue o Alto Septão a revelar como Stannis se virou contra os deuses, tal como se virou contra seu legítimo rei…
– Sim, sim – a rainha disse impacientemente. – Mas, primeiro, temos de impedir que esta sujeirada se espalhe mais. O conselho deve emitir um édito. Qualquer homem que for ouvido falando de incesto ou chamando Joff de bastardo deverá perder a língua.
– Uma medida prudente – disse o Grande Meistre Pycelle, com a corrente do seu cargo tilintando enquanto balançava a cabeça.
– Uma loucura – Tyrion suspirou. – Quando arranca a língua de um homem, não está provando que ele é mentiroso, mas apenas dizendo ao mundo que teme o que ele possa dizer.
– Então o que
– Muito pouco. Deixe-os cochichar, pois vão se cansar da história em breve. Qualquer homem com um pingo de bom-senso verá nela uma tentativa desastrada de justificar a usurpação de uma coroa. Por acaso Stannis mostra provas? Como poderia, se nunca aconteceu? – Tyrion dirigiu à irmã seu sorriso mais doce.
– É verdade – ela se obrigou dizer. –Mas, mesmo assim…
– Vossa Graça, seu irmão tem razão nisso – Petyr Baelish juntou os dedos. – Se tentarmos silenciar este boato, isso só lhe dará crédito. É melhor tratá-lo com desprezo, como a patética mentira que é. E, enquanto isso, combater o fogo com fogo.
Cersei mediu-o com o olhar.
– Que tipo de fogo?
– Talvez uma história da mesma natureza. Mas mais fácil de se acreditar. Lorde Stannis passou a maior parte do seu casamento afastado da esposa. Não que o culpe, pois faria o mesmo se fosse casado com a Senhora Selyse. Em todo caso, se espalharmos que a filha dela é bastarda, e Stannis um marido traído, bem… o povo está sempre ansioso por acreditar no pior em relação aos seus senhores, em especial àqueles que são tão rígidos, amargos e orgulhosos, como Stannis Baratheon.
– Ele nunca foi muito amado, é verdade – Cersei refletiu por um momento. – Então, revidamos na sua própria moeda. Sim, gosto disso. Quem podemos indicar como amante da Senhora Selyse? Creio que tem dois irmãos. E um dos seus tios tem estado com ela em Pedra do Dragão durante todo este tempo…
– Sor Axell Florent é seu castelão – embora Tyrion relutasse em admitir, o plano de Mindinho tinha potencial. Stannis nunca tinha se apaixonado pela esposa, mas era eriçado como um porco-espinho quando se tratava da sua honra e desconfiado por natureza. Se conseguissem semear a discórdia entre ele e seus seguidores, isso só fortaleceria a causa deles. – Disseram-me que a criança tem as orelhas dos Florent.
Mindinho fez um gesto desinteressado.